quarta-feira, 15 de junho de 2016

50 PESSOAS SÃO ASSASSINADAS NUMA CASA DE SHOWS EM BELÉM

Ontem foi mais uma daquelas noites que saímos pra dançar um pouco tecnobrega “marcantes” no Karibe Show. Quase todas as segundas-feiras, nos encontramos para curtir aparelhagem. Os Potentes do Brega, o Bonde do Nova Dimensão, a Equipe “Seca Freezer” e “Tô no Grau” estavam em peso, além de outros grupos que curtem o Ouro Negro. A galera estava animada, sem saber que aquela não seria mais uma segunda qualquer em nossas vidas.

O DJ Joãozinho iniciou a sequência mandando só as melhores e a galera tomando conta do salão. Muita gente dançando, enquanto pelos arredores, outras ficavam se balançando naquela agitação. Algumas horas depois, entrou o DJ Braz que seguiu com uma bela sequência de “bregaço”, deixando a mutidão ainda mais eufórica. Tod@s sem saber o que estava por vir a alguns minutos e que mudaria o seu destino.

Assayag assumiu o som, tocando tecnobregas atuais. Algumas pessoas pararam um pouco de dançar, mas a animação na festa continuava. O DJ pede pra desligar a iluminação e o telão que ficava atrás da mesa de som, quando ouve-se um estouro. Acostumada com aquele som por conta dos confetes que disparam das mesas da aparelhagem, a galera vibrou e continuou a dançar. Entretando, uma sequência de disparos espalhou o público que corria desesperadamente a procura proteção. 

Quem não conseguia entrar nos banheiros, se jogava por cima dos balcões ou debaixo das mesas e cadeiras, buscando se livrar dos tiros que ninguém conseguia identificar de quem ou de onde vinha. Logo depois, ouve-se um grito: “deus me mandou limpar Belém desta perversão, vim para cumprir sua ordem e expulsar desse mundo, quem vive nessas orgias”. Alguém que estava perto da porta, conseguiu perceber um homem que segurava uma arma e de forma tranquila, atingia quem encontrava pelo caminho. “Puta e viado tem que morrer” foram as palavras que disse antes de atingir uma travesti e sua amiga que foram pela primeira vez naquele lugar. 

Aproximadamente trinta minutos depois, ouve-se o barulho de viaturas ao redor do Karibe. Policiais começaram a gritar para que ele pudesse jogar a armano chão, se entregar e parar de matar pessoas. Nesse instante, ele matou mais dois rapazes dizendo: “estou fazendo o trabalho que vocês não fazem de nos livrar desses marginais, vagabundos”. Insitiram algumas vezes, mas não conseguiram convencê-lo e ele seguiu ainda a atirar em quem encontrava. Um rapaz tentava avisar a mãe pelo celular sobre o que estava acontecendo, quando de repente, tornou-se mais uma vítima do homicida. Foi aí que invadiram o lugar o imobilizaram e o levaram para fora. 

Começou uma correria, agora em direção da saída, gente procurando fugir daquela aflição e pessoas que entraram a procura de amig@s. No chão, algumas agonizando e outras mortas. Fecharam a rodovia de acesso ao lugar, podendo passar somente a polícia e ambulâncias. Familiares chegavam no lugar desesperados, procurando informações sobre filh@s, sobrinh@s. Algumas pessoas saiam chorando ou gemendo de dor, recebendo um atendimento emergencial improvisado ali na frente.

No meio daquela confusão, começamos procurar pelos que estavam conosco. Foi quando nos deparamos com a notícia: cinco casais que dançavam e mais sete que ficaram na beira do salão quando iniciou os desparos, foram @s primeir@s assassinad@s. O desespero tomou conta de nós, não conseguíamos conter a dor daquele momento. O dia amanhecia e nós continuávamos ali abraçad@s, sem chão, tentando acalmar uns/umas aos outr@s. Na imprensa fora divulgou o total de 49 assassinad@s e 55 ferid@s, que saíram naquela noite somente pra se divertir e encontraram a violência e a morte em seu caminho.
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O relato acima é fictício, mas no início desta semana, diversas pessoas passaram por uma situação similar na Boate Pulse em Orlando, EUA. A discriminação por questões culturais, sexuais, sociais, ideológicas, etc. tem exterminado populações pelo mundo afora, não sendo apenas uma situação que está fora do Pará ou do Brasil, mas dentro da nossa realidade. Todos os dias, jovens, mulheres, negr@s, deficientes físicos, LGBTs, idos@s, indígenas, etc. sofrem violência ou extermínio por ser/viver “diferente”, desrespeitad@s em sua dignidade humana. Ontem, na Boate Pulse, eles/elas foram assassinad@s, hoje suas famílias e amig@s choram a dor... amanhã também poderá ser um(a) de nós. Pense nisso!



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