"Pelos caminhos da América há mães gritando, qual loucas
Antes que fiquem tão roucas, digam onde acharão
Seus filhos mortos, levados na noite da tirania
Mesmo que matem o dia, elas jamais calarão..."
No mesmo novembro que celebramos a consciência negra (20), fazemos memória aos assassinados da chacina de Belém. O sangue de adolescentes e jovens atravessou de uma ponta à outra a cidade (05 na Terra Firme, 02 no Jurunas, 01 no Guamá, 01 no Marco, 01 no Sideral e 01 no Tapanã), após o assassinato de um policial militar. Um mês de contrastes que deveria gerar vida a esta população, reforça a realidade vivida principalmente pela juventude preta do sexo masculino: o genocídio.
O Pará testemunhava (ou confirmava?) no final da noite de 04 e o início do dia 05 de novembro de 2014, o grau de insegurança pública instalado (não apenas) na capital do Estado, já previsto e apontado numa série de estudos. Entretanto, parece que tais documentos vêm sendo ignorados da mesma forma que a presença de grupos de extermínio apontado no relatório final do CPI das Milícias.
Na última quarta-feira (04), famílias das vítimas, movimentos sociais e alguns poucos parlamentares, saíram em marcha na Avenida Nazaré, empunhando bandeiras e faixas, verbalizando intervenções, pedindo respostas ao poder público sobre as denúncias. O ato encerrou no Complexo de São Brás, com um momento de memória, juntamente com a exposição “Choram os cravos de novembro” que reúne fotos e alguns documentos, como antecedentes criminais, dos que covardemente foram baleados.
Durante o mês de novembro se estende outros momentos relacionados à chacina não apenas dos bairros supracitados, mas também dos adolescentes alvejados na noite de 09 de novembro de 2011 em Icoaraci. A presença de grupos de extermínio em Belém não é uma novidade (veja, por exemplo, a operação “Navalha na Carne” de 2008) e a contínua a negação desta situação, tende a gerar novas mortes, sobretudo com a população juvenil da periferia.
Portanto, nosso envolvimento e presença nas manifestações, bem como a insistência deste assunto nas redes sociais, é a resistência dessa luta que depende de tod@s nós que acreditamos na justiça e na solidariedade. Não se trata de um sensacionalismo da morte como muitas vezes usam as grandes mídias para vender a morte em detrimento de seu lucro, mas a visibilidade de gritos silenciados, mas evidentes. Que o trecho da música Oração Latina de César Teixeira, ecoe em nossos corações: “E quem nos ajudará a não ser a própria gente? Pois hoje não se consente esperar...”.
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