terça-feira, 10 de novembro de 2015

NOVEMBRO PRETO: DOR E RESISTÊNCIA DA PERIFERIA DE BELÉM

"Pelos caminhos da América há mães gritando, qual loucas
Antes que fiquem tão roucas, digam onde acharão
Seus filhos mortos, levados na noite da tirania
Mesmo que matem o dia, elas jamais calarão..."

No mesmo novembro que celebramos a consciência negra (20), fazemos memória aos assassinados da chacina de Belém. O sangue de adolescentes e jovens atravessou de uma ponta à outra a cidade (05 na Terra Firme, 02 no Jurunas, 01 no Guamá, 01 no Marco, 01 no Sideral e 01 no Tapanã), após o assassinato de um policial militar. Um mês de contrastes que deveria gerar vida a esta população, reforça a realidade vivida principalmente pela juventude preta do sexo masculino: o genocídio.

O Pará testemunhava (ou confirmava?) no final da noite de 04 e o início do dia 05 de novembro de 2014, o grau de insegurança pública instalado (não apenas) na capital do Estado, já previsto e apontado numa série de estudos. Entretanto, parece que tais documentos vêm sendo ignorados da mesma forma que a presença de grupos de extermínio apontado no relatório final do CPI das Milícias.


Na última quarta-feira (04), famílias das vítimas, movimentos sociais e alguns poucos parlamentares, saíram em marcha na Avenida Nazaré, empunhando bandeiras e faixas, verbalizando intervenções, pedindo respostas ao poder público sobre as denúncias. O ato encerrou no Complexo de São Brás, com um momento de memória, juntamente com a exposição “Choram os cravos de novembro” que reúne fotos e alguns documentos, como antecedentes criminais, dos que covardemente foram baleados.


Durante o mês de novembro se estende outros momentos relacionados à chacina não apenas dos bairros supracitados, mas também dos adolescentes alvejados na noite de 09 de novembro de 2011 em Icoaraci. A presença de grupos de extermínio em Belém não é uma novidade (veja, por exemplo, a operação “Navalha na Carne” de 2008) e a contínua a negação desta situação, tende a gerar novas mortes, sobretudo com a população juvenil da periferia.

Portanto, nosso envolvimento e presença nas manifestações, bem como a insistência deste assunto nas redes sociais, é a resistência dessa luta que depende de tod@s nós que acreditamos na justiça e na solidariedade. Não se trata de um sensacionalismo da morte como muitas vezes usam as grandes mídias para vender a morte em detrimento de seu lucro, mas a visibilidade de gritos silenciados, mas evidentes. Que o trecho da música Oração Latina de César Teixeira, ecoe em nossos corações: “E quem nos ajudará a não ser a própria gente? Pois hoje não se consente esperar...”.

Comente a postagem com o Facebook: