Com certeza, um dos desafios para as lideranças juvenis é como coordenar um grupo de base¹. De acordo com o Dicionário Aurélio, coordenar significa: “dispor em certa ordem, segundo determinado sistema; organizar”. É um “ordenar com” os(as) jovens o caminhar, não sendo um cargo, mas um serviço em favor da animação e articulação do grupo.
Podemos afirmar que nem sempre um(a) coordenador(a) pode ser um(a) bom/boa líder, mas um(a) líder pode ser um(a) bom/boa coordenador(a). Há lideranças que nascem e outras que se adquire, mas ambas exigem capacitação permanente. Ambas não devem ser impostas, mas reconhecidas.
As lideranças tem um grande diferencial, por sua influência nos rumos do grupo. Quando ditatoriais (determina tudo), paternalistas (faz tudo) ou liberal (tanto faz) tem a prejudicar a caminhada dos(as) jovens. Quando democrática (decide e faz com os outros), a liderança consegue promover o grupo de base e o protagonismo dos(as) jovens, pautando uma participação mais crítica e criativa.
Coordenar exige iniciativa. Tem a missão de articular com outras lideranças e grupos - sejam eclesiais ou sociais - estratégias de como dinamizar o grupo. Além disso, deve estar atento(a) as orientações sobre a evangelização da juventude². Deve alimentar uma espiritualidade profética e missionária, comprometida com os(as) excluídos(as).
Quando se é coordenador(a) de grupo de base, além de ter os olhos fixos em Jesus, não se deve perder de vista a realidade juvenil em sua diversidade e complexidade. É preciso estar atento(a) a sua integralidade e ao Sagrado que se manifesta a partir dos(as) jovens, percebendo suas vidas um caminho de discipulado e missão. Em Jesus, encontramos um bom líder que acolhe os(as) menos favorecidos(as) e resgata a sua dignidade.
Coordenar e saber cuidar tem tudo haver. Com o Bom Pastor, descobrimos este servir, esta doação para/com a juventude (Jo 10, 11-18). É necessário exercitar suas habilidades intelectuais, mas também sua capacidade de acolher, escutar e se relacionar com a novidade que chega ao grupo. Não adianta ser coordenador(a) de grupo de base e ter a juventude como coisa. Ela deve ser causa, assumida afetivo e efetivamente, contribuindo para o seu desenvolvimento.
O surgimento de novas lideranças no grupo provoca crises. Porém, estas divergências devem ser trabalhadas para gerar soluções. Quem coordena deve está atento para não criar “panelinhas” que sirvam aos seus interesses próprios, mas a uma vontade e/ou necessidade coletiva. Quando o(a) coordenador(a) está muito “carismático(a)” ou autoritário(a) precisa de uma (auto)reflexão sobre sua atuação.
O papel desenvolvido pelo(a) coordenador(a), não é o mesmo do(a) assessor(a). Sua função é ser parte nas decisões do grupo, contribuindo diretamente para seus os encaminhamentos enquanto o(a) assessor(a) é aquele(a) que acompanha, orienta a partir da experiência acumulada, sem trazer fórmulas prontas.
Devemos ter em mente que é raro alguém ter todas estas características, geralmente uma delas tem destaque em seu trabalho pastoral. Porém, outros(as) líderes serão importantes para complementar estas outras necessidades. Para isto, o grupo também deve “cuidar do(a) cuidador(a)”. Somente com esta ajuda mútua conseguiremos desconstruir paradigmas preconceituosos que subestimam a competência da juventude.
PARA REFLETIR EM GRUPO
- Qual a dinâmica o grupo utiliza para escolher seus/suas coordenadores(as)?
- Como seu grupo está trabalhando a formação de novas lideranças?
- Como o grupo de jovens está cuidado da formação de seus/suas atuais coordenadores(as)?
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¹ Entende-se grupo de base um grupo pequeno presente nas comunidades onde os(as) jovens vivem e convivem, criam laços, confrontam a vida com o Evangelho e formam lideranças para o engajamento na Igreja e na sociedade.
² Merece destaque o Doc. 85 da CNBB – “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais”.
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