terça-feira, 20 de março de 2012

PERSPECTIVAS SOBRE O SETOR JUVENTUDE NA ARQUIDIOCESE DE BELÉM

Durante a década de 70, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, havia feito algumas tentativas de articulação das experiências de evangelização juvenil, mas somente ganha impulso em 1981¹, com D. Cláudio Hummes e Pe. Hilário Dick, respectivamente responsável e assessor da “juventude” dentro da CNBB. O Setor Juventude – SJ, tornou-se a referência em articular, convocar e propor orientações para a Evangelização da Juventude, estimulando o protagonismo dos(as) jovens, o respeito a diversidade de carismas e unindo as forças juvenis ao redor de algumas metas e prioridades comuns.

Após a V Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (realizada em 2007 Aparecida/SP) reafirmar a opção preferencial pelos(as) pobres e jovens, temos também o advento do Documento 85 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB “Evangelização da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais”, gestado na 44ª e 45ª Assembléia Geral da CNBB. Desde então, houve um esforço de ajudar a clarear o entendimento e consolidar o Setor Juventude nas dioceses.

Na Arquidiocese de Belém, o Setor Juventude vem sendo articulado desde 2005 com o Jubileu da Juventude (realizado no Dia Nacional da Juventude) que contou com a participação da Pastoral da Juventude Arquidiocesana – PJA, juntamente com os demais movimentos e novas comunidades. Destaca-se a tentativa ousada de realizar o “Censo Jovem” em 2007 e a realização do Seminário de estudo do Documento 85 da CNBB (abril/2008). Todavia, rumores de uma “desoficialização” da PJA geraram uma minuta do Setor Juventude direcionada aos párocos e vigários, a fim de esclarecer a natureza e a proposta do SJ, assim como desconstruir a interpretação errônea sobre o mesmo.

Em julho 2010, aconteceu na sede da CNBB/Norte 2 em Belém/PA, o Seminário Regional sobre a Evangelização da Juventude, reunindo diversos representantes das dioceses e prelazias. Esta atividade contou com a assessoria de D. Eduardo Pinheiro e Pe. Sávio Ribeiro (respectivamente padre assessor e bispo responsável pela Comissão Episcopal para a Juventude) e a participação de D. Pedro Conti (Bispo acompanhante da PJN2). A elaboração de uma carta aberta para contribuir na organização do Setor Juventude nas dioceses e prelazias surgiu como fruto desta atividade². No ano seguinte, a CNBB decide elevar o Setor para Comissão Episcopal para a Juventude.

Enquanto isto, a implantação do Setor Juventude continua sendo um desafio, refletido em vários lugares. Convocado pelo bispo (arqui)diocesano ou prelatício, o Setor não vem ser uma outra organização paralela aos demais segmentos, assim como não é um único modelo a ser implantado, eliminando as demais experiências eclesiais. De acordo com o subsídio “Setor Diocesano da Juventude”, ele é um espaço de COMUNHÃO e PARTICIPAÇÃO para UNIR e ARTICULAR TODOS OS SEGMENTOS JUVENIS DIOCESANOS num trabalho em conjunto³. Na prática, o Setor Arquidiocesano de Juventude seria um espaço de articulação “macro” da Pastoral da Juventude (PJA), Pastoral Vocacional, juntamente com os segmentos juvenis ligados aos movimentos (Ministério Jovem da RCC, Cursilhos da Cristandade, MEJ do Apostolado da Oração, etc.), novas comunidades (CAJU, Maíra, Shalom,etc.) e congregações religiosas (AJS ligada aos Salesianos, PJM ligados aos Maristas, JAR ligados aos Agostinianos, etc.) envolvidos(as) diretamente com a evangelização da juventude na Região Metropolitana de Belém - RMB, para a integração e o diálogo, além de estabelecer algumas linhas pastorais comuns.

A CNBB não possui qualquer documento que oriente que o Setor Juventude seja implantado nos regionais ou internamente nas paróquias e comunidades. Assim como os demais setores das comissões episcopais da CNBB (Cultura e Educação, por exemplo, com o setor universidades, educação e ensino religioso) não há articulação em paróquias e comunidades eclesiais, como também há particularidades nas formas de organização de muitos movimentos (há organizações que se encontram/atuam somente nas escolas, outros somente na sede de seus movimentos/comunidades, etc.), desaconselha-se tentativas nestes locais. Com isso, não quer se dizer que não deva haver um diálogo entre as pastorais e movimentos juvenis que estejam geograficamente próximos. Pelo contrário, é a partir das experiências vivenciadas nas bases, que o Setor Juventude poderá refletir melhor a sua dinâmica dentro da Arquidiocese de Belém.

Para o êxito do Setor Arquidiocesano da Juventude é interessante promover uma intensa e constante reflexão sobre a evangelização juvenil, envolvendo principalmente as lideranças dos grupos de base, além dos(as) religiosos(as) e do clero, tendo as orientações dos subsídios e documentos produzidos pela CNBB e pelo CELAM, sem perder a sintonia com o Plano de Pastoral da Arquidiocese. Além disso, os(as) articuladores(as) do SJ precisam manter uma constante comunicação com o arcebispo e com a coordenação de pastoral, estreitando o diálogo entre os(as) mesmos(as), assim como as suas respectivas organizações oriundas. Por fim, está atento(a) aos sinais dos tempos, mantendo-se atualizado(a) sobre os assuntos recorrentes a juventude no cenário eclesial e social.

PARA REFLETIR EM GRUPO:

  • As lideranças do grupo já participaram ou o grupo já organizou algum estudo sobre o Documento 85 da CNBB? Se sim, o que podemos lembrar deste estudo? Se não, por quê?
  • O grupo pertence a alguma pastoral (PJ, Catequese/Crisma, Pastoral do Menor...), movimento/comunidade (RCC, Focolares, Apostolado da Oração, Legião de Maria...) ou congregação (Maristas, Salesianos, Agostinianos...)
  • Como é a relação do grupo com estes outros segmentos?
  • Seu grupo, paróquia ou região episcopal já refletiu sobre o Setor Juventude? Qual a sua opinião e dos(as) integrantes do grupo a cerca do assunto?
____________________________________

¹ Em 1978, após a Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha em Puebla, houve muita mobilização pastoral envolvendo a juventude. No Brasil, em 1981, D. Cláudio Hummes e Pe. Hilário Dick, começam um processo de reanimação do Setor Juventude da CNBB. Confira: DICK, Hilário. O Caminho se faz - História da Pastoral da Juventude do Brasil. Porto Alegre: Evangraf, 1999.
³ CNBB, Setor Juventude. Setor Diocesano da Juventude - Coleção Igreja Jovem.

Comente a postagem com o Facebook: