segunda-feira, 1 de novembro de 2010

POR QUE E PARA QUE CAMINHAMOS?

Existem inúmeras manifestações eclesiais e sociais motivadas por diferentes causas. Estas tem dentre suas atividades, realização caminhadas, romarias, marchas... Mas isto não é de hoje. Voltemos o nosso olhar, a história do povo hebreu: com Deus caminharam pelo deserto rumo à terra prometida. E esta dinâmica, segundo na Bíblia, não se encerrou naquele momento: vale lembrar da fuga de Maria e José a fim de defender a vida do Salvador (Mt 2, 20-23).

E hoje, por que e para que caminhamos? O que isto tem haver com nossa utopia cristã? Comecemos a questionar... Ora, o ser discípulo e missionário, está intrinsecamente ligado a esta questão. Ninguém consegue evangelizar se não está a caminho (de alguém). Cristo também está no caminho (Lc. 24,29-31). O próprio Cristo já nos dizia: “Eu sou o caminho...”(cf. Jo 14, 6). Em sintonia com esta proposta , canta um grande cantor popular nordestino: “Nosso Deus é caminho e caminhada, do seu povo para a libertação” (Olha a Glória de Deus – Zé Vicente). O jornalista e escritor Eduardo Galeano, expressa que a utopia serve para que eu não deixe de caminhar. Logo, meu sonho não se encerra no caminhar, mas o caminhar “encerrará no encontro com a minha utopia. A utopia cristã não se encerra na cruz, mas na ressurreição. Perpassa pelo martírio, mas a morte não é o fim!

Porém, é preciso rever o conceito de caminhada, olhando para seu objetivo e resultado esperado. Se o movimento é somente para colocar uma série de pessoas nas ruas, sem um concreto objetivo, pode até ser uma caminhada cheia de pessoas, mas vazia de conteúdo e de vida. Mais ainda: se esta caminhada, não levar em consideração a vida das pessoas, sendo somente uma caminhada de cunho emotivo, será uma “ação”, apesar do aparente entusiasmo, vazia de utopia, sem qualquer impacto transformador na sociedade.

Há alguns dias aconteceu em Belém do Pará, a celebração dos 25 anos do Dia Nacional da Juventude, iniciada por uma Marcha contra a violência e extermínio de Jovens e não teve cenário melhor, do que o bairro da Cabanagem. Na periferia, ousou-se denunciar o empobrecimento social que a juventude vem sofrendo, além de anunciar um novo céu e uma nova terra que vem nascendo dia-a-dia através dos grupos de base da PJ e das mais variadas articulações juvenis, presentes na Região Metropolitana de Belém.

Junto com este evento, realizou-se uma série de mobilizações (encontros, oficinas...) em torno da temática abordada nesta caminhada. Ela foi o “produto inacabado”, que continuará em construção, durante as próximas atividades organizadas pela PJ.

Portanto, antes de ir às ruas, é preciso uma atitude reflexiva, para que eu de fato, possa ser parte fundamental da caminhada, não sendo mais um perdido no meio da multidão. E também, qual o real sentido daquilo que estou participando, para que no encontro com o Cristo, eu tenha a mesma atitude dos que caminhavam rumo à Emaús: retornar com coragem à missão!

Continuemos a romaria da vida, com muita reza, muita luta e muita festa!

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