terça-feira, 20 de outubro de 2015

DEZ PONTOS SOBRE A PARADA LGBT DE BELÉM

Antes de iniciar sua leitura, gostaria de dizer que as reflexões abaixo não se fecham a outros olhares, mas que representam um ponto de vista que determinado momento pode ser comum, mas em outro pode divergir. Nem tem o propósito de diminuir o trabalho de quem passa meses construindo este momento, pelo contrário, quer ser uma avaliação propositiva no sentido de contribuir no esforço incansável para fazer com que este evento alcance o seu principal objetivo. Por isso, fique a vontade no final, para comentar de forma respeitosa esta publicação.


1) Muito pertinente, importante e significante a escolha do tema da 14ª edição da Parada LGBT de Belém: “Travestilidade e Transexualidade: Minha vida, meu gênero, minhas regras, meus direitos”. Mesmo sendo longo, sintetiza a luta que as pessoas transexuais precisam assumir e que a sociedade precisa garantir e respeitar. Mais do que um tom possessivo, é uma frase de identidade daquilo que realmente sentem e são;

2) Não vou dizer que não houve nenhum assalto ou violência pois dificilmente nos grandes eventos em local público, isso não aconteça. Também não sei o contingente de policiais destinado à Parada LGBT deste ano, mas pelo “olhômetro” pouco vi essas situações que nas edições anteriores, eram exageradamente frequentes ao ponto de ter que parar alguma fala ou apresentação para chamar a segurança pra conter a situação. Acredito que a programação iniciando e terminando mais cedo, também tenha influenciado nisso;

3) Mesmo tendo consultado o que significa ser “Madrinha da Parada”, não me contempla o fato de Isabela Jatene ser indicada a este título. Mais do que ser alguém que facilite político e financeiramente a viabilidade do evento, é uma pessoa que está na luta todos os dias na luta pela cidadania LGBT, sobretudo de travestis e transexuais, conectada com o tema;

4) O horário também foi muito bom porque se é pra dá visibilidade ao evento, ele deve ser feito num momento onde esteja mais intenso a concentração de pessoas no local por onde a marcha vai passar e no final da manhã é propício pois é quando na Presidente Vargas e na Praça da República estão transitando mais gente. E uma coisa é visualizar pelos meios virtuais, televisivos ou impressos e outra é fazer a experiência, está presente, participar;

5) Não pude participar das demais atividades que antecederam a grande caminhada, mas senti falta do “mês da diversidade” que também ajudaria neste processo de mobilização e envolveria ainda mais a cidade neste clima de Parada;

6) A Praça Waldemar Henrique, mesmo tendo diversas programações culturais durante o ano, ainda não é tanto essa referência da diversidade como a Praça da República que todos os dias concentra LGBTs, sem contar na pluralidade de pessoas e grupos que sente neste espaço a liberdade de ser o que é. Não sei se é possível, nem desmerecendo a WH que também é um bom lugar, mas que tal repensar a volta do encerramento da Parada para a República, por ter esta marca e refletir justamente a identidade da Parada LGBT?

7) A atitude da apresentadora do segundo trio, foi de uma admiração incrível. Ao colocar-se no chão ao lado da população que ali caminhava, Barbara Pastana também demonstrava que não estava ali “acima” e que essa luta não é pra ser maior do que ninguém, mas que a cidadania trans se conquista quando caminhamos junt@s;

8) Mesmo tendo uma página no Facebook e o apoio paralelo de alguns grupos LGBT de comunicação, achei que a mobilização foi um tanto tímida. Por ser realizado no domingo posterior ao Círio de Nazaré”, também dificultou um pouco a visibilidade do evento. Acredito também que a linda arte da identidade visual (cartaz) que contemplou o tema, poderia também mostrar @s travestis e transexuais em seus locais de vivência;

9) Não poderia ter sido melhor a escolha da abertura das apresentações no show de encerramento. As apresentações de talentosas e criativas drags queens, bem como os go-go dancers, revelaram a luz do dia elementos da cultura que envolve o universo LGBT. Assim como a Banda Fruto Sensual e a Hellen Patrícia da Xeiro Verde que demonstram nutrir um carinho recíproco por esta comunidade;

10) Por fim, acredito ter participado de uma das melhores Paradas LGBT de Belém dos últimos anos. Não pela incompetência das organizações anteriores, pois é salutar o esforço das pessoas que a cada ano coordenam este momento. Assim como deixo a sugestão de que se faça um seminário de avaliação e planejamento da Parada LGBT com organizações e pessoas que queiram participar da construção deste momento. No mais, parabéns a coordenação da 14ª Parada LGBT de Belém e a tod@s nós que participamos dela!

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