terça-feira, 28 de junho de 2011

INTOLERÂNCIA SEXUAL x INTOLERÂNCIA RELIGIOSA


Com o tema “Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia! – 10 anos da Lei 10.948/01, rumo ao PLC 122/06” realizou-se neste domingo (26), em São Paulo, uma das maiores manifestações da diversidade sexual no País. Na sua 15ª edição, a Parada LGBT teve como propósito “questionar a oposição fundamentalista e conservadora que se afirma como a principal barreira aos avanços da igualdade e justiça para os LGBT; divulgar a importância da lei paulista anti-homofobia em vigência; e exigir a aprovação da criminalização da homofobia em âmbito nacional”, conforme informa o site da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.

Entretanto, assim como não concordo em incitar ou praticar qualquer violência, tentando utilizar a Bíblia pra justificá-la, não sou favorável a banalização dos santos(as) da Igreja Católica ou de qualquer outra religião. Ainda que o presidente da Parada LGBT de São Paulo, Ideraldo Beltrame, afirme que a “intenção é mostrar à sociedade que todas as pessoas, seja qual for a religião delas, precisam entrar na luta pela prevenção das doenças sexualmente transmissíveis”, o que se visualiza não é isto.

Tenho que concordar com o Cardeal D. Odilo Scherer, que a atitude foi "infeliz, debochada e desrespeitosa", pois o que consegue se perceber como pano de fundo, é também uma certa intolerância religiosa na arte dos cartazes afixados nos postes por onde ocorreria o evento. Foi sim, uma provocação específica à Igreja Católica!

Buscar refletir sobre o fundamentalismo (ou machismo camuflado) é necessário num momento onde se propõe a criminalização da homofobia, através do PL 122/06, no combate à violência contra homossexuais. O Brasil, ainda continua no topo dos que mais matam pessoas, pelo simples fato de sua orientação sexual. Todavia, a intolerância religiosa é também uma das violências que ainda está muito presente em nosso meio.

Precisamos rever juntos(as), estratégias de diálogo entre a comunidade LGBT e as comunidades de fé. Somar o esforço de grupos como Diversidade Católica e Católicas pelo Direito de Decidir, e também de pessoas – leigos(as), religiosos(as), etc. – que se dedicam a construir uma cultura de paz, entre os cenários de debate/vivência da sexualidade e da religiosidade. O próprio site da Parada LGBT, trás uma boa notícia: “É possível diálogo entre movimento LGBT e religiosos”. Repensemos táticas que possam fortalecer aquilo que entre os diferentes é comum. Não deixemo-nos levar por uma intolerância que mais mata, do que constrói outro mundo possível.

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