domingo, 9 de janeiro de 2011

A PAIXÃO MORREU... VIVA A PAIXÃO!

Sou motivado a partir do artigo introdutório de D. Pedro Casaldáliga, à Agenda Latino-Americana de 2008, intitulado: “A política morreu.. Viva a Política”. Neste, o bispo emérito de São Félix do Araguaia nos convida a refletir sobre a política que devemos extinguir (ou já está morta) com a Política que devemos cultivar. Numa analogia, quero resgatar no presente texto, a paixão que há certo tempo vem adormecendo em alguns corações, mas que permanece enquanto brasa, necessitando de um vento para que a chama possa reaparecer e aquecer novamente o coração.
É vivendo que descobrimos as dádivas que a vida nos dá. Ora, ainda que algumas pareçam “presentes de grego” como a expressão popular sugere, é necessário perceber o que se pode aprender em meio a estas situações. Negar “presentes” é recusar as possibilidades de amadurecimento que venham com o conjunto de situações que enfrentaremos. É o ciclo vital que nos ensina que é necessário não desistir do caminhar e muito menos, voltar para trás.

O contexto vivido, converge a algumas práticas não muito favoráveis as relações. O individualismo e o hedonismo se complementam nesta conjuntura, onde o auto-prazer deve ser imediato e constante, tendo forte impacto na vida dos(das) jovens. Com o sistema econômico vigente e uma mídia alienante, o querer “ter” e “estar”, vale mais que “ser”. Padrões de beleza interferem nas relações, onde a ternura e o saber cuidar, já não apresentam-se enquanto valores que mantêm a vida. “Sem o cuidado, o homem deixa de ser humano desestrutura-se, definha, perde o sentido e morre” (Saber Cuidar – Leonardo Boff, 1999).

Esta paixão é raiz de uma série de problemas socioambientais e afetivos, causando fortes impactos em nossas vidas. Fazem partes das crises. Todavia, estas crises nascem também para que possamos analisar que paixão queremos nutrir. A Paixão ainda se faz presente, como expressa o poema “Madrugada Camponesa” de Tiago de Melo: “Faz escuro, mas eu canto!” Encontrar os rumos a que se quer seguir, é o desafio!

A Paixão viva, não se larga de suas raízes latinas (do verbo latino, patior, que significa sofrer ou suportar uma situação difícil), mas não se limita a este. É caminho para o amor, que requer a verdade e o respeito... Ela é o chão para o horizonte que se vislumbra nas utopias. A Paixão viva, une-se ao mistério do Criador e renova nossa esperança em outras relações possíveis.

E a vida se tece de sonhos, para que a gente se apaixone e/ou se Apaixone. Que a Paixão seja um dos grandes exercícios a nos convergir para o amor!

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