terça-feira, 4 de setembro de 2007

ENCONTRO DE JUVENTUDE DO CAMPO E DA CIDADE

Uma experiência que ficará na memória e no coração lutador. Uma viagem de muita mística e muita fé em um outro mundo possível. Saimos de Belém quinta-feira (31 de agosto) aproximadamente as 15hs. da tarde rumo a Paragominas. No coletivo, iamos variadas representações dos municípios do Pará : Cametá, Oieras, Igarapé-miri, Altamira... gente da PJ, PJR, MST e outros de variados movimentos de lutas sociais.
 

Paramos no município de Santa Maria pois havia companheiros que iriam conosco ao encontro. Chegando lá, infelizmente não os encontramos, e seguimos estrada. Nossa próxima parada, Irituia, em um acampamento do Movimento dos Sem Terra.
 

Chegamos frente ao acampamento do MST. Na porteira havia uma faixa de indignação por uma injustiça da praxe burguesa. Uns camaradas foram até os sem-terra e perguntaram quais pessoas iriam para o encontro que nos haviamos vindo buscar. Eles nos informaram que não foram avisados desta atividade (putz!). Tentaram entrar em contato com o povo de Belém para dar alguma informação sobre isso e enquanto isso aproveitamos pra dar uma volta dentro do acampamento. Foi a primeira vez que visito um acampamento. No inicio havia duas bandeiras: a do MST e do Brasil. As casas eram cobertas de palha e ao lado direito havia uma pequena plantação que não consegui identificar. Confessamo-nos um ao outro, eu e um companheiro de Cametá que nosso "sonho" era visitar um acampamento do MST e lá estávamos. Porém, foi só de passagem, então lá fomos nos despedindo do povo e seguindo viagem rumo ao nosso destino e sem representante daquele acampamento.

Passamos por muitas localidades, mas sem parar. Em algumas parte da estrada, havia muita poeira e muita fumaça, respectivamente causados pela ausência de asfalto e pelas queimadas. Fiquei acordado quase a viagem toda. Ao longe avistei um povoado grande. E pra nossa alegria, era Paragominas. Quando adentramos a cidade, ela estava um pouco "deserta" no inicio. Passamos pela escola da Fundação Bradesco (lembrando que o Bradesco foi um dos que ajudaram a "roubar" a Vale do Brasil) por muitas ruas, que estavam até que cuidadas ambientalmente. Paramos em uma esquina pois parecia que nosso guia havia se perdido. Então encontramos um rapaz da RCC identificado logo pela camisa do PHN que nos levou no sítio da Paróquia que estava ocorrendo o encontro.


Ao passar por uma parte periférica da cidade, já mais movimentada por pessoas, entramos em uma rua estreita que ligava a outra sem asfalto e que nos levou rumo ao sítio. Enfim chegamos!
A Estela da PJR, nos deu as boas vindas e nos falou apenas que estava com um probleminha de alojamento superlotado, mas pra PJoteiro isso não é problema. Quando entrei no local da plenária, era tanto jovem, numa base de 400 pessoas, e fomos informados que ainda chegaria mais. Fui acolhido pelo "Cachorrão"(assim o chamamos, mas seu nome é Manoel) que reside lá e que faz Escola de Teatro do Oprimido comigo em Belém. Depois nos alojamos nos quartos e nos dirigimos a plenária, onde estava ocorrendo a mística de abertura. Na seqüência, dirigimo-nos ao refeitório onde estava servindo a janta para quem chegou após o horário oficial que a serviram. Mas infelizmente eu não podia comer pois meu pé iria ficar inchado por conta da ferrada de arraia que levei mês de julho. Fomos dormir umas 00hs. da madrugada.

No dia seguinte, fomos ACORDADOS 5:00 DA MANHÃ, para estudar as Tarefas Revolucionárias da Juventude (Lenin). Eu acordei mas fui um dos últimos a tomar banho e depois fazer curativo no pé. Cheguei no meio do estudo em minha brigada (dividiram as pessoas em grupos chamados de brigadas, a minha era a nº 18) onde a leitura do subsídio estava sendo finalizada e na seqncia o debate sobre o texto. Após isso, fomos tomar café e voltamos para a plenária com uma mesa redonda com diversas organizações que estavam somando o encontro. Seguido, um companheiro do sul palestrou sobre o Projeto Popular para o Brasil. Uma palestra riquíssima que me clareou um pouco mais sobre o assunto.
Almoçamos e em seguida fomos ao rio dentro do sítio, mas pena que não podia tomar banho, então voltei ao pátio do encontro e alguns estavam jogando um vôlei "informal". Aproximadamente às 15 da tarde, nos organizamos em agrupamento de 5 brigadas para ver sobre a marcha que faríamos rumo a praça central de Paragominas. Nosso grupo ficou de fazer cartazaes e grito de rebeldia sobre o agronegócio. Depois de organizarmos, o Lidenilson deu as coordenadas para a marcha, no qual saimos e nos organizamos em fileira na frente do sítio. A irmã Magnólia animava a marcha cantando e muitos companheiros puxavam no caminho, palavras de rebeldia (bastantes criativas por sinal). Claro que eu ia com um pouco de receio, pois esta cidade era cenário de muita violência contra os lutadores de uma nova realidade. Mas no caminho havia uma energia que nos impulsionava a gritar mais forte contra toda a injustiça que o povo do campo e da cidade vem sofrendo.


Chegamos no fundo da praça impedidos de passar para a parte da frente desta pois havia um evento, o Canta Pará. Mas no fim da marcha, além das falas dos companheiros, cantamos e dançamos carimbó e xote. Voltamos de ônibus para o sítio.

Depois de jantar e tomar banho, fui para a noite cultural. Houve companheiros cantando, outros recitando poesia. Tinha também uma banda da RCC que logo parou de cantar (talvez o momento não era aquele) e tivemos uma apresentação de um grupo de toada de lá mesmo. Depois fui e me enrolei ao canta Tocando em Frente de Almir Sater, mas pra animar a galera que estava sentada a um tempão, chamei a companheira Joana Darc pra cantar música da PJ em calypso. A galera levantou e dançou muuuuuuuito. Continuou a cantar mais umas 3 músicas e depois tivemos outras apresentações: capoeira, hip-hop e + poesia. A noite cultural encerrou com a Joana Darc animando a galera. Depois muita gente ficou conversando e cantando pelos espaços; fui dormir umas 02 da madrugada.


Na manhã do domingo, chamaram para acordar umas 06 da manhã, mas meu sono estava pesado, que só acordei umas 7 horas. Tomei banho e café, depois curativo e fui para a plenária. Depois tivemos algumas oficinas de livre escolha. Eu fiquei na oficina de TEATRO DO OPRIMIDO, com o Prof. Robson. Seguindo, houve avaliações das oficinas e do encontro como um todo. Após este momento, celebraram a mística de encerramento nas margens do rio, enquanto nos arrumávamos para servir o almoço, já que a nossa brigada estava responsável em servir.


Depois, fui arrumar as minhas coisas, me despedi de alguns companheiros e companheiras e me dirigi ao ônibus para retorno. Saímos de lá, aproximadamente umas 15hs. da tarde onde paramos em algumas localidades para deixar o pessoal. Antes da saída tiramos umas fotos com os dois estudantes de direito do NAJUP, com o Eduardo Brasil, com o frade capuchinho (esqueci o nome dele) e com a irmã Maguinólia (que na ocasião era conhecida por irmã Margareth, ou irmã Madalena e por outros nomes que conquistou no encontro). Conversamos uma boa parte da viagem. Desci na BR 316, próximo ao Castanheira, com o Benedito e segui rumo a minha Paróquia, que na ocasião estava ocorrendo a assembléia mensal paroquial, no qual eu represento a PJ e que na ocasião trataríamos sobre o Plebiscito da Restatização da Vale em nossa Paróquia.

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