Em muitos cantos deste Brasil, você encontra grupos de jovens que se reúnem pra rezar, conversar, realizar alguma ação, etc. Mas, você já parou pra pensar na importância destes grupos para a vida destes(as) e de sua comunidade? O que faz arder o coração deles(as), quando estão juntos(as)? Quando se é convidado(a) a participar de um coletivo juvenil, quase nenhum de nós tende a nos questionar o que vem a seguir. Mas, foi a partir da experiência num grupo da Pastoral da Juventude (PJ) que existia no bairro do Benguí, na periferia de Belém/PA, que percebi o quanto ele é importante e necessário.
No início, não imaginava que o chão da PJ era tão grande e cheio de novidade. Naquele grupo, tínhamos espaço pra partilhar, celebrar e participar da vida comunitária, além de conhecer outros grupos eclesiais e sociais. Percebi que éramos/somos o fio de uma teia bem maior, presentes em vários lugares. Saber disto, também fez com que eu estreitasse o diálogo com outras tribos juvenis, integrando-me em algumas ações.
Em 2009, quando eu também era agente da Pastoral da Aids, fui convidado a participar do IV Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids, realizado em Curitiba/PR. Nesta atividade, eu e Hugo Soares (que na ocasião participava do Movimento LGBT) fomos os únicos representantes do Pará, onde aproveitamos para trocar informações, desconstruindo olhares para novas atitudes. Voltamos com a missão de articular a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids em nosso Estado.
Nossos primeiros passos foram dados dentro do projeto “Saúde e Prevenção nas Escolas” onde hoje integramos o grupo gestor estadual. Rodas de Conversa, Circuito de Oficinas, Cine Posithivo foram algumas das atividades que realizamos para dinamizar a educação entre pares, estimular o protagonismo juvenil e dar visibilidade à Rede, além da participação em alguns espaços de incidência política e controle social.
Todavia, a invisibilidade dos adolescentes e jovens que vivem com HIV, principalmente pelos estigmas e preconceitos, foram (e ainda são) um dos principais desafios destas organizações que se propõe trabalhar com este público específico. Por isto, nas reuniões dos Jovens + Pará, por exemplo, cada um(a) fica livre para revelar ou não sua sorologia, por entenderem que a importância está em trabalhar a entre pares a prevenção e o estímulo a qualidade de vida, seja o jovem vhivendo ou convhivendo.
Sendo uma realidade teológica, os(as) jovens, onde quer que estejam, manifestam o Sagrado. São um novo sopro de vida, rompendo muros de intolerância religiosa e sexual, lutando contra a violência e o extermínio e pela preservação da vida no planeta. Afinal, o Espírito sopra onde quer... Podem até não passar por uma comunidade de fé, mas não permitem que qualquer coisa retirem de si o sonho e a construção de outro mundo possível.
Muitos(as) jovens que passaram ou como eu, ainda se encontram na PJ e atuam em ONGs ou movimentos sociais, percebem o quanto ainda estão inspirados por esta mística e o quanto este processo fez/faz a diferença em nossas vidas. O anúncio, a participação e o compromisso com os(as) excluídos(as), ainda é nossa bandeira. Aquele grupo de jovens, nos ajudou a ver que a o(a) adolescente e/ou o(a) jovem com HIV, deficiente físico, negro(a), mulher ou com qualquer outra limitação física, psicológica ou sociocultural não era coisa, mas causa.
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