sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

CAUSA SIM,COISA NÃO!

Em muitos cantos deste Brasil, você encontra grupos de jovens que se reúnem pra rezar, conversar, realizar alguma ação, etc. Mas, você já parou pra pensar na importância destes grupos para a vida destes(as) e de sua comunidade? O que faz arder o coração deles(as), quando estão juntos(as)? Quando se é convidado(a) a participar de um coletivo juvenil, quase nenhum de nós tende a nos questionar o que vem a seguir. Mas, foi a partir da experiência num grupo da Pastoral da Juventude (PJ) que existia no bairro do Benguí, na periferia de Belém/PA, que percebi o quanto ele é importante e necessário.

No início, não imaginava que o chão da PJ era tão grande e cheio de novidade. Naquele grupo, tínhamos espaço pra partilhar, celebrar e participar da vida comunitária, além de conhecer outros grupos eclesiais e sociais. Percebi que éramos/somos o fio de uma teia bem maior, presentes em vários lugares. Saber disto, também fez com que eu estreitasse o diálogo com outras tribos juvenis, integrando-me em algumas ações. 

Em 2009, quando eu também era agente da Pastoral da Aids, fui convidado a participar do IV Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids, realizado em Curitiba/PR. Nesta atividade, eu e Hugo Soares (que na ocasião participava do Movimento LGBT) fomos os únicos representantes do Pará, onde aproveitamos para trocar informações, desconstruindo olhares para novas atitudes. Voltamos com a missão de articular a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids em nosso Estado.

Nossos primeiros passos foram dados dentro do projeto “Saúde e Prevenção nas Escolas” onde hoje integramos o grupo gestor estadual. Rodas de Conversa, Circuito de Oficinas, Cine Posithivo foram algumas das atividades que realizamos para dinamizar a educação entre pares, estimular o protagonismo juvenil e dar visibilidade à Rede, além da participação em alguns espaços de incidência política e controle social.

Todavia, a invisibilidade dos adolescentes e jovens que vivem com HIV, principalmente pelos estigmas e preconceitos, foram (e ainda são) um dos principais desafios destas organizações que se propõe trabalhar com este público específico. Por isto, nas reuniões dos Jovens + Pará, por exemplo, cada um(a) fica livre para revelar ou não sua sorologia, por entenderem que a importância está em trabalhar a entre pares a prevenção e o estímulo a qualidade de vida, seja o jovem vhivendo ou convhivendo.

Sendo uma realidade teológica, os(as) jovens, onde quer que estejam, manifestam o Sagrado. São um novo sopro de vida, rompendo muros de intolerância religiosa e sexual, lutando contra a violência e o extermínio e pela preservação da vida no planeta. Afinal, o Espírito sopra onde quer... Podem até não passar por uma comunidade de fé, mas não permitem que qualquer coisa retirem de si o sonho e a construção de outro mundo possível.

Muitos(as) jovens que passaram ou como eu, ainda se encontram na PJ e atuam em ONGs ou movimentos sociais, percebem o quanto ainda estão inspirados por esta mística e o quanto este processo fez/faz a diferença em nossas vidas. O anúncio, a participação e o compromisso com os(as) excluídos(as), ainda é nossa bandeira. Aquele grupo de jovens, nos ajudou a ver que a o(a) adolescente e/ou o(a) jovem com HIV, deficiente físico, negro(a), mulher ou com qualquer outra limitação física, psicológica ou sociocultural não era coisa, mas causa.

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