Dedico este escrito a cada jovem que vive e convive com HIV/AIDS, em especial a Kleber (Curitiba/PR), Júlia (São Gabriel/RS), Eduardo (Niterói/RJ) e a todos/as demais companheiros/as que a memória não alcança mas o coração abraça, do IV Encontro Nacional de Jovens Vivendo com HIV/AIDS.
O sono já dava sinais de presença. Também, com a chuvinha da tarde, precedida de uma tigela de açaí com farinha d’água acompanhando o almoço, só poderia ter bocejos na sobremesa. Ponho minha cabeça sobre o travesseiro, a pensar sobre a experiência que vivi no último final de semana. De repente, me sinto puxado a outro lugar...
- Arrasou!
- Quem eu? – No susto, pergunto a Júlia.
- Também! Todos nós arrasamos no IV Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo e Convivendo com HIV/AIDS.
- É, espero que o próximo a gente possa nos reunir e com mais jovens partilhar informações e história de nossas vidas.
- Quem sabe não irá ser aqui em Belém do Pará, tomando uma cuia de tacacá, no Ver-o-Peso, às margens da Baia do Guajará. Adorooooooooo!
De repente, vimos dois jovens vindo em nossa direção. Era Roberto e Rafael a nossa procura.
- Pow, cadê a galera? Viemos matar a saudade com a galera aqui nestas terras amazônidas. O Uziel tinha falado que a moçada estaria toda aqui nesta cidade.
- Epa! Surge Oséias ao lado de Samir dando um baita susto na gente. – Uziel vai encontrar a gente lá na República. Não se avexem que ele, Lauren foram conhecer a cidade com Hugo e já devem estar chegando lá na praça.
- Gente, então vamos seguir pra lá!
Subimos a Presidente Vargas, levamos logo Samir que estava a comprar pupunha na avenida. Ao chegarmos na República, avistamos logo os companheiros e companheiras no Bar do Parque. Ali iniciamos nossas memórias do Encontro que passamos juntos e juntas. Sentei-me ao lado de Kleber e José Rayan que após um abraço apertado me dizia:
- Contamos com a força de vocês aqui do Pará ein!
- Beleza!
E entre sorrisos, abraços, lágrimas e “maraaaaaas”, construíamos a colcha da memória, com os retalhos que cada um trazia. Atitudes proféticas de denúncias a cerca do apoio e tratamento as pessoas vivendo com HIV/AIDS e anúncio de novidades: editais, parcerias dentre outros. Num certo momento, pedi a palavra para também partilhar:
- É galera, o que o salmista fala é verdade: “Como é bom e agradável os irmãos e irmãs viverem unidos/as” (Sl. 133/132). O que vivi naqueles dias frios em Curitiba, fez arder meu coração da mesma forma em que ardia o coração dos discípulos a caminho de Emaús quando Jesus lhes falava as Escrituras. Em cada partilha, em cada informação, “Ruah”, Sopro de Vida. Em cada história, uma teologia libertadora: Deus caminhando com os/as jovens Vivendo e Convivendo com HIV/AIDS a lhes dizer “Levanta-te, vem para o meio” (Mc 3,3). No assumir-se protagonista, cada um e cada uma assumiu com coragem a construção de um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1),um outro mundo possível, assumindo-se a mudança que o mundo espera ver, como ensinava Mahatma Gandhi.
Tocou-me profundamente os laços de fraternidade que entrelaçavam aquele Encontro. Teologia juvenil. O Divino no jovem se manifestando no cuidado com o/a outro/a sem qualquer preconceito. Oxalá, a mística deste Encontro fortaleça cada vez mais nossa luta e nossa esperança para que todos e todas tenham vida em abundância (Jo 10,10)
Mal eu acabava de falar e sentia-me puxado de volta de meu sonho, dando tempo somente de abraçar Eduardo do Rio de Janeiro e Wallace. Olho para um lado e outro, procurando a galera e só encontro meu irmão deitado na cama dele no quarto. Envolvido por uma saudade, sou confortado com o trecho da música de Elis Regina: “Mas sei que uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente, a esperança, dança na corda bamba de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar. Azar, a esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista tem que continuar...”
Que o Deus da Vida nos acompanhe sempre onde estivermos: na estrada da luta, na fé que não se cansa e no rosto de cada jovem vivendo e convivendo com HIV/AIDS. Na certeza de dias melhores, abraço a todos e todas.
- Arrasou!
- Quem eu? – No susto, pergunto a Júlia.
- Também! Todos nós arrasamos no IV Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo e Convivendo com HIV/AIDS.
- É, espero que o próximo a gente possa nos reunir e com mais jovens partilhar informações e história de nossas vidas.
- Quem sabe não irá ser aqui em Belém do Pará, tomando uma cuia de tacacá, no Ver-o-Peso, às margens da Baia do Guajará. Adorooooooooo!
De repente, vimos dois jovens vindo em nossa direção. Era Roberto e Rafael a nossa procura.
- Pow, cadê a galera? Viemos matar a saudade com a galera aqui nestas terras amazônidas. O Uziel tinha falado que a moçada estaria toda aqui nesta cidade.
- Epa! Surge Oséias ao lado de Samir dando um baita susto na gente. – Uziel vai encontrar a gente lá na República. Não se avexem que ele, Lauren foram conhecer a cidade com Hugo e já devem estar chegando lá na praça.
- Gente, então vamos seguir pra lá!
Subimos a Presidente Vargas, levamos logo Samir que estava a comprar pupunha na avenida. Ao chegarmos na República, avistamos logo os companheiros e companheiras no Bar do Parque. Ali iniciamos nossas memórias do Encontro que passamos juntos e juntas. Sentei-me ao lado de Kleber e José Rayan que após um abraço apertado me dizia:
- Contamos com a força de vocês aqui do Pará ein!
- Beleza!
E entre sorrisos, abraços, lágrimas e “maraaaaaas”, construíamos a colcha da memória, com os retalhos que cada um trazia. Atitudes proféticas de denúncias a cerca do apoio e tratamento as pessoas vivendo com HIV/AIDS e anúncio de novidades: editais, parcerias dentre outros. Num certo momento, pedi a palavra para também partilhar:
- É galera, o que o salmista fala é verdade: “Como é bom e agradável os irmãos e irmãs viverem unidos/as” (Sl. 133/132). O que vivi naqueles dias frios em Curitiba, fez arder meu coração da mesma forma em que ardia o coração dos discípulos a caminho de Emaús quando Jesus lhes falava as Escrituras. Em cada partilha, em cada informação, “Ruah”, Sopro de Vida. Em cada história, uma teologia libertadora: Deus caminhando com os/as jovens Vivendo e Convivendo com HIV/AIDS a lhes dizer “Levanta-te, vem para o meio” (Mc 3,3). No assumir-se protagonista, cada um e cada uma assumiu com coragem a construção de um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1),um outro mundo possível, assumindo-se a mudança que o mundo espera ver, como ensinava Mahatma Gandhi.
Tocou-me profundamente os laços de fraternidade que entrelaçavam aquele Encontro. Teologia juvenil. O Divino no jovem se manifestando no cuidado com o/a outro/a sem qualquer preconceito. Oxalá, a mística deste Encontro fortaleça cada vez mais nossa luta e nossa esperança para que todos e todas tenham vida em abundância (Jo 10,10)
Mal eu acabava de falar e sentia-me puxado de volta de meu sonho, dando tempo somente de abraçar Eduardo do Rio de Janeiro e Wallace. Olho para um lado e outro, procurando a galera e só encontro meu irmão deitado na cama dele no quarto. Envolvido por uma saudade, sou confortado com o trecho da música de Elis Regina: “Mas sei que uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente, a esperança, dança na corda bamba de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar. Azar, a esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista tem que continuar...”
Que o Deus da Vida nos acompanhe sempre onde estivermos: na estrada da luta, na fé que não se cansa e no rosto de cada jovem vivendo e convivendo com HIV/AIDS. Na certeza de dias melhores, abraço a todos e todas.
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