quinta-feira, 5 de julho de 2007

PASSEIO COM O GRUPO DE CANTO CORAGEM - PARTE 1



Bem, este foi o meu primeiro passeio das "férias" de julho. Um dos melhores que já fui. Bem vou contar algumas coisas deste passeio aqui.

Fui a convite do companheiro Júnior, da coordenação do GCC - Grupo de Canto Coragem, da Paróquia Rainha da Paz, no qual secretario a Pastoral da Juventude. Tava um pouco difícil pra mim ir pois, na mesma data, haveria a Escola de Lideranças da minha Região episcopal. Mas quando o Júnior disse que era pra mim ajudar em algum momento celebrativo lá, eu pensei um pouco... e disse que iria. Houve uma reunião entre eles no grupo, e aí parece que não haveria mais o passeio, mas depois soube pelas línguas (não sei se eram boas ou más línguas!) que o passeio estava de pé, mas que muita gente do GCC não iria.

As vésperas do passeio, botei o relógio pra despertar as 5 da manhã e pra confirmar deixei o recado em cima da mesa da cozinha, alertando ou meu pai ou minha mãe pra me acordarem no horário supracitado. Todavia, eu estava com tanta vontade de ir, que nem precisou de despertador e nem dos sacolejos dos meus pais para me acordar.Arrumei minhas coisas, me arrumei e fui para o ponto de encontro do povo: a frente da Paróquia. Chegando lá, vejo logo os garotos que me olham e dizem: "sim, não vai mulher neste passeio?" Eu dei um sorriso maroto e fui cumprimentar a Carina (namorada do Júnior) que tava só na manha naquela manhã. Depois vi a Norma, o nazareno, o Pe. Raimundo (mas não acompanhou-nos no passeio) que estava acordo desde cedo. Sem perceber o tempo passar, veio então o ônibus que nos levaria ao nosso destino: Boa Vista do Itá, comunidade quilombola no município de Santa Izabel, no Pará. Eta! já ia me esquecendo: a D. Tereza (responsável pela nossa estadia lá) chega com o seu filho Márcio e esposa e o filho dele, completando a galerinha. Seguimos então. No meio, paramos na Augusto Montenegro para pegar quem: o Jhonata que a pouco se mudara do nosso bairro, para as proximidades desta rodovia. Após uma parada eufórica, seguimos estrada.

Foi uma viagem rápida (deve ter sido por causa da agitação no ônibus). Nada de anormal na viagem, somente umas músicas pra alegrar, um biscoitinho que a Carina deu pra nós, a D. Tereza contando algumas coisas meio cômicas da outra viagem que fez com outro grupo de jovem pra lá, uns registros fotográficos do Júnior, uma parada pros meninos fazerem "xixi" e a soneca do Kaê no fundo do ônibus e a do Jhonata no meio da lotação.

Chegando lá logo fomos agraciados por algo que, hoje em dia, não se encontro muito nas tecnometrópoles: a hospitalidade. Caraca! aquele povo soube nos acolher como se fossemos conhecidos de longas datas. Seguimos adentro a propriedade da D. Tereza, onde ela foi logo nos invejando com seu quintal arborizado e sua casinha que logo se transformou o oficial ponto de encontro na hora das refeições.

Teve todo aquele processo de viagem: conhece o local onde iria passar a noite, matar as curiosidades locais, uma conversa antes de sair por aí e uns sorrisinhos de leve para os nossos companheiros quilombolas. Depois, não me lembro que me convidou pra ir no igarapé, mas o sol quente logo me provocou a um pecado capital comungado pela metade da humanidade: a preguiça! Mas, como num tinha quase nada pra fazer, bastou a Vânia me convidar e fomos atrás do povo. De inicio, fomos a um furo do igarapé que corria por ali, o mais próximo. Mas fomos logo sabendo que a galera estava para o outro lado: "Eles estão lá pra ponte!", informou a D. Tereza. Seguimos o caminho indicado por ela. Andamos, andamos, andamos... e chegamos no início da ponte. Ela era estreita, mas logo descobrimos que ela não linha nada de semelhante na sua extensão horizontal. Vixi! e ai... andamos, andamos mais um pouco e chegamos ao uma parte onde alguns dos meninos estavam tomando banho e outros estavam andando de casco ( no interior da minha finada avó, chamamos assim a canoa). Logo a Vânia perguntou pelo Roni (seu amado) e fomos informados que ele estava mais a frente,na sequência do caminho das tábuas (como descobrimos chegando no início da ponte, através de uma placa). Eu me assanhei pra dar uma volta de casco com os meninos e fui. Dei alguns adereços pra Vânia levar de volta e fui. Deslizamos pelas águas naquela obra que a mãe natureza, adaptada pelas mãos do homem nos proporcionou.

Depois, voltamos para almoçar e em seguida alguns foram tentar dar uma sonequinha mas sem sucesso. Fomos nos banhar naquela delícia de igarapé. Chegamos até a ponta de onde vinha aquelas águas, mas ainda não era a nascente, talvez só fosse a nascente dos mergulhos daquele povo e nosso naquela ocasião.

Retornei para a casa e falei com o Júnior que horas seria o momento celebrativo e ele me informou que seria lá pras sete e meia da noite, e eu falei com ele que tinhamos que adiantar logo o jantar, para que não fosse aperreio depois. Falamos com a D. Tereza que mobilizou a comunidade para doar as roupas que trouxemos para eles e convidá-los para celebrar a noite. Em seguida, D. Tereza saiu pela rua a convidar a comunidade para receber os presentes que tinhamos levado. E não demorou muito, estavam todos concentrados frente a árvore que sombreava as tardes a espera do anunciado. Então, enquanto eu catava o feijão na cozinha, a Norma e a Carol, também cooperavam para o cozinhar da alimentação noturna, outros transportavam as roupas para debaixo da árvore. D. Tereza fez um breve discurso sobre a solidariedade e convidou a comunidade para celebrar a noite. Seguindo o pôr do sol, continuamos na batalha alimentar e depois as meninas já queriam era fazer mais salada de tempero do que a comida propriamente dita; só faltava elas quererem colocar tomate, cebola, pimetinha... no suco! Antes que ficasse totalmente escuro, fui com a D. Tereza no início do caminho do igarapé pegar uns galhos com espinhos para compor o ambiente da mística a noite.

Fui tomar um banho na casa de uns vizinhos da D. Tereza que cederam o banheiro pois, havia gente que, ainda não tinha se sensibilizado que além de termos uma atividade, a água da comunidade era cessada à noite para que a bomba que fornecia a água pudesse descansar. Após o banho, me encaminhei para nosso alojamento e fui me arrumar. No caminho, vi que estava tendo algo frente a capela da comunidade: era a derrubada do mastro no encerramento da Festa de São João batista. Confesso que me senti um pouco envergonhado por não está partilhando com eles daquele momento. Comecei a me vesti as pressas e apressei quem via pela frente para nos encaminharmos para a capela. No meio dessa pressa toda, que maravilha! Após derrubar o mastro, a comunidade seguiu em procissão pelo terreiro cantando, vivendo um pouco da Teologia do Êxodo, se me permitem citar. Numa expressão que cantara Gonzaguinha: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz!" Caminharam pela frente das casas e retornaram para capela onde estávamos os esperando para celebrar.

Chegando lá, ainda continuaram entoando a canção. Após, a D. Tereza fez um breve comentário e cantamos o Irá Chegar. Logo após fizemos memória partilhada por muitos, na sua maioria, o dia que finalizava; sempre no final de alguma memória, alguém puxava um aplauso. Depois seguimos com a canção Negro Nagô, onde o povo sentia no sangue a força do negro e a expressava com a força de sua voz. Não me lembro na hora que a chuva fez com que a energia elétrica foi embora, mas isso não empatou o nosso celebrar. Aclamamos e escutamos atentamente a Parábola do Semeador. Na sequência, o Júnior fez uma dinâmica para que podessemos partilhar a mensagem evangélica da Parábola. Prosseguindo fizemos nossas preces e rezamos juntos o Pai-Nosso. Para finalizar, fizemos uma dança circular: "Eu vi mamãe Oxum na cachoeira, sentada na beira do rio. Colhendo o lírio liruê, colhendo o lírio liruá, colhendo o lírio pra enfeitar nosso congá!" A dança foi bastante vibrante que saimos da capela cantando o louvor a Oxum (no sincretismo religioso, Nossa Senhora da Conceição).
Saimos rumo a casa da D. Tereza onde a comida estava a nossa espera. Jantamos, menos o Kaê que tomou sou um leite acompanhado de algo que não me recordo. Alguns, após a refeição se dirigiram para o nosso alojamento e iniciaram um repertório de músicas que ninguém sabia onde iria terminar. Eu fui com o Jr., a Carina, o Wilton e o Nazareno se entrosar com o povo, que estava na frente da casa cantando, sorrindo de algumas piadas. As meninas de lá, dançaram um pouco pra nós, o líder da comunidade contou umas piadas com o Wilton e depois cantamos também a música da feijoada (pura sacanagem pra quem exitasse em não falar um ingrediente para compor a feijoada). Depois conversei um pouco com uma senhora que me contou um pouco da formação daquela comunidade: seus pais haviam vindo para aquele local onde só havia uma casa a deles. Me falou sobre as terras que lhe tiraram, mas que com a ajuda do governo estão quase recuperando (é uma baita área terrestre!). Depois, a Carina e o Jr. se recolheram e passando alguns minutos eu fui pro alojamento.

No alojamento, estava correndo a maior cantoria. Os meninos estavam empolgados, tomando umazinha light (sem exagerar mesmo!). Enquanto isso, ficamos eu, o Douglas e a Carol conversando dentro do alojamento, e depois coletamos uns trocados e pedimos para o Nazareno comprar um vinho para acompanhar a prosa. Depois de muito papo e muita música os meninos cansaram lá fora e começaram a animar dentro do alojamento e eu acompanhei. Depois de cansados, fomos levados ao sono....

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